Caderno de controle de gastos é a melhor opção?
24 de fevereiro de 2023 | Por Clarissa Machado
Quase metade (48%) dos brasileiros não controla o próprio orçamento, segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Mesmo entre aqueles que conseguem ter algum controle, 61% relatam sentir dificuldades, principalmente, por terem uma renda variável, falta de disciplina para anotar gastos com regularidade ou falta de tempo.
Aqui na Barkus, nós acreditamos que um caminho possível para melhorar esse cenário é a criação de um fluxo de caixa pessoal de maneira estruturada e estratégica. É possível construir esse fluxo em um caderno, mas acaba sendo bem mais fácil e eficiente usar ferramentas digitais para isso. Isso porque nem sempre você estará com o caderno em mãos e isso pode acabar gerando aquele hábito do “depois eu anoto”, porém o “depois” acaba não chegando. Continue aqui no texto para conhecer alguns caminhos possíveis.
Talvez agora você esteja se perguntando o que é um fluxo de caixa pessoal. Bem, esse método consiste em monitorar tudo que entra e sai da sua conta durante um período, com o objetivo de facilitar a organização e o planejamento financeiro. O fluxo de caixa é algo muito comum no meio empresarial e, quando adaptado para as finanças pessoais, pode ser uma ótima ferramenta para auxiliar no controle financeiro.
Como criar um fluxo de caixa pessoal?
O primeiro passo é registrar todas as suas receitas e despesas. Ganha um salário fixo? Tem uma casa alugada? Faz uns bicos durante o mês? Tudo isso precisa entrar na parte de ganhos do seu fluxo de caixa. Já mercado, contas de luz, internet, água, gás, compras, escola, cursos, etc. precisam entrar como gastos.
Agora imagine se você anotasse todos esses valores de forma solta, sem uma ordem estabelecida… Ficaria difícil de avaliar as suas finanças, né? É por isso que é fundamental que você separe os ganhos dos gastos e categorize as anotações. Contas de luz, internet, água, gás, aluguel e condomínio são gastos com habitação, por exemplo. Já os gastos com supermercado, padaria e almoço na rua, por exemplo, podem ser classificados como alimentação. Ao criar essas categorias, você consegue visualizar para quais áreas da sua vida é preciso direcionar mais dinheiro e em quais você pode economizar mais. Inclusive, fizemos um outro texto super completo, que fala um pouco mais sobre essa avaliação da vida financeira.
Como já mencionado anteriormente, mesmo quem tem algum tipo de controle financeiro sente dificuldades ao colocá-lo em prática. Por isso, separamos 5 dicas para te ajudar a criar um fluxo de caixa pessoal e a ter a disciplina de mantê-lo atualizado.
1- Escolha uma ferramenta
Bem, para registrar seus ganhos e gastos, é preciso escolher uma ferramenta. Tem quem prefira anotar em um caderninho, outros no bloco de notas do celular e se essas são as formas que você já usa e funcionam para você, tá tudo bem. No entanto, se você ainda não tem um fluxo de caixa e vai começar agora, ou se o método que você usava já não funciona mais, nós temos uma sugestão: a planilha da Barkus. Ela é gratuita e super fácil de usar.
Por meio dela, é possível registrar todas as suas receitas e despesas em campos separados, com espaço para categorizá-los, tornando o seu fluxo de caixa muito mais eficiente. Você também consegue acompanhar quanto está sendo gasto em cada categoria e o seu saldo daquele mês. O mais importante é criar a disciplina de registrar sempre que comprar algo ou pagar alguma conta, ou então, separar um momento ao final de cada semana para registrar os gastos dos últimos dias.
2- Preencha as informações completas
Uma outra dica para que o seu fluxo de caixa funcione bem é que você preencha o registro com todas as informações importantes. Quando se trata do cartão de crédito, por exemplo, muitos estabelecimentos aparecem com nomes diferentes na fatura, geralmente com a razão social do negócio, em vez daquele nome comercial que todos conhecem. Logo, se você não registrar na sua planilha que gasto foi aquele e qual é a categoria do mesmo, depois de um tempo, você pode já não se lembrar mais do que se trata. Informação é poder, então não deixe de incluí-la no seu fluxo de caixa.
Também é importante evitar arredondar valores. Sabe aquele ditado: “de grão em grão, a galinha enche o papo”? Pois é, se você arredondar muitos gastos, isso pode gerar um desequilíbrio no seu saldo no fim do mês, uma vez que as despesas registradas não vão condizer exatamente com a realidade. Por isso, no começo, o ideal é preencher tudo certinho, com os centavinhos inclusive.
3- Acompanhe suas finanças com frequência
Não deixe para registrar tudo no fim do mês! Como já foi dito, o ideal é atualizar seu fluxo conforme gasta ou ganha ou, pelo menos, ao fim de cada semana. A vida é muito corrida e estamos expostos a muitas informações, então não dá pra confiar que a sua memória vai lembrar que aqueles 5 reais gastos na “Pan Joana Lima” que aparecem na fatura do cartão foram de um pão na chapa com café que você tomou na padaria Estrela Feliz, né?
Além disso, quando você cria o hábito de registrar seus ganhos e gastos com frequência, é possível acompanhar em tempo real se você está gastando mais do que devia ou se está tudo sob controle. Mais uma vez: informação é poder, então se você tem a informação de que é preciso economizar, você consegue tomar atitudes antes que seus gastos se transformem numa bola de neve.
4- Estabeleça um teto de gastos
Depois de um tempo praticando esse hábito de alimentar o seu fluxo de caixa, você conseguirá perceber quanto dinheiro é necessário para suprir o custo do seu estilo de vida. Com essa informação em mãos, é possível estabelecer um teto de gastos para os meses seguintes, com base nos objetivos que você quer alcançar.
O fluxo de caixa é importante nesse processo, porque ele mostra, exatamente, quanto você ganha, quanto gasta e em quais áreas é possível economizar; o que te permite estabelecer uma meta de gastos que seja possível de cumprir. E essas metas realistas te ajudam a não desanimar durante o processo de organização da sua vida financeira. Afinal, não adianta estabelecer que vai gastar um total de R$500 por mês se apenas os seus gastos essenciais forem R$600, por exemplo.
5- Faça um acompanhamento mês a mês
Esta última dica é apenas para reforçar a importância de você continuar fazendo o fluxo de caixa pessoal em todos os meses. Assim, você tem uma ideia da oscilação de suas despesas em determinadas categorias, o que facilita a identificação de gastos excessivos, por exemplo.
Além disso, ao fazer um acompanhamento mês a mês, você pode encontrar as respostas para possíveis oscilações de gastos, desde que seja honesto com você mesmo(a). Qual foi o motivo para a elevação de gastos com supermercado, por exemplo? E com lazer? Com as respostas em mãos, você já pode traçar objetivos para os meses futuros.
O fato é que para que o seu fluxo de caixa seja eficiente, é necessário criar o hábito de alimentá-lo. Para Charles Duhigg, o autor de “O Poder do Hábito”, existe um “ciclo do hábito”: o gatilho (ou deixa) é o que desperta o nosso interesse pela recompensa; a rotina são as ações tomadas em direção à recompensa, enquanto a recompensa é o “prêmio” que o cérebro recebe por executar a rotina. Para que o ciclo continue rodando, existe ainda o anseio, que é quando o cérebro começa a simular a sensação da recompensa só por você ter visto o gatilho, o que te estimula a executar a rotina em busca dessa recompensa. Se depois do almoço você sempre come um chocolate, pode ser porque ao acabar a refeição (gatilho), você anseia por aquele gosto doce na boca (recompensa) e executa a rotina de comer o chocolate.
Se a recompensa para você ter um fluxo de caixa é conseguir ter dinheiro para fazer aquela viagem dos sonhos, o seu gatilho pode ser a notificação de compra do aplicativo do banco ou do cartão de crédito, por exemplo. Ao ver a notificação (gatilho), o seu cérebro vai lembrar que você tem o sonho de viajar (recompensa), e vai te estimular a seguir a rotina de atualizar seu fluxo de caixa para que você tenha dinheiro para a realização da sua recompensa. Criar um hábito é algo bem desafiador, mas usando a lógica do ciclo do hábito e tendo paciência, isso se torna muito mais alcançável, incluindo o hábito de manter seu fluxo de caixa em dia.
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