Afinal, por que o preço do arroz aumentou em 2020?
Durante os meses de agosto e setembro, o Brasil sofreu um forte aumento no preço de um dos alimentos mais importantes de sua cesta básica, o arroz. Mas por que isso aconteceu?
Muitas pessoas ficaram com essa pulga atrás da orelha, e por isso trazemos hoje uma breve explicação do cenário político, econômico e social que causou esse aumento.
De acordo com a Esalq, entidade ligada à Universidade de São Paulo, o preço de uma saca de 50kg de arroz teve aumento de 116% desde o início do ano até meados de setembro. E pacotes de 5kg de arroz que custavam em torno R$15, podiam ser encontrados por R$40.
Não só o arroz, mas a cesta básica como um todo sofreu inflação nesse período – destaque para o aumento dos preços do tomate (12,98%), leite longa vida (4,84%), frutas (3,37%) e carnes (3,33%), segundo o IBGE.
Mas então, o que levou justamente o arroz a aumentar de preço?
O aumento consiste em três fatores principais:
1- Demanda da população maior que oferta dos produtores;
2- Maior consumo do alimento, dentro e fora do país, devido à mudança de hábitos com a pandemia do novo coronavírus;
3- Desvalorização do real em comparação ao dólar, aumentando a atratividade de produtos brasileiros para exportação.
Vamos analisar melhor o que cada um desses pontos significa e como tiveram relação direta com aumento do preço do arroz:
Com a pandemia, o hábito de consumo voltou-se mais para o ambiente doméstico, uma vez que com as restrições de distanciamento social, as pessoas estavam comendo menos fora de casa, consequentemente aumentando a demanda por produtos da cesta básica.
Não somente no Brasil, o comportamento de consumir mais alimentos em casa foi visto em âmbito mundial. Portanto, os países importadores dos produtos brasileiros também aumentaram suas demandas por produtos de cesta básica como o arroz.
Mas se esse foi um comportamento mundial, por que o Brasil foi tão afetado?
Primeiro, quanto maior a renda da população, mais ela tende a consumir proteínas no lugar de carboidratos, o que levou a um menor consumo de arroz nos últimos anos no país, levando produtores de arroz a buscar alternativas de plantio (como explicou Lucilio Alvez, pesquisador da área de arroz do Cepea/USP ao Estadão).
Segundo, o arroz é um alimento fácil de ser preparado, e por isso a sua procura cresceu em todos os níveis de renda durante a pandemia. Uma vez que agora, com a maioria das pessoas trabalhando de casa, o tempo para preparar comida tornou-se parte do dia-a-dia e, por isso, alternativas de comida de preparo rápido são preferência.
E, por último, com a distribuição do auxílio emergencial, parte da população pode ter maior acesso à alimentos, aumentando ainda mais a procura pelo arroz em todos os lares brasileiros, independente da renda.
E nesse contexto, cresce a procura pelo arroz, porém sem demanda suficiente para suprir as necessidades do mercado.
Além disso, com o dólar valorizado em comparação ao real, os produtos brasileiros tornaram-se mais baratos para o mercado de exportação, aumentando a procura exterior para produtos produzidos no país. Esse comportamento reflete a aversão ao risco que a pandemia incitou nos países, que com a desvalorização de quase 40% do real em relação ao dólar no último ano, tornou-se atrativo importar produtos brasileiros (de acordo com Felipe Serigatti, FGV, ao Estadão)
Com essa “valorização” do arroz para mercados externos (com aumento de 58,1% segundo o Ministério da Economia) os produtores brasileiros começaram a investir na sua plantação, em detrimento de outras, até então mais rentáveis, como soja e milho, com o objetivo de aumentar o lucro.
E como nós, brasileiros, ficamos agora?
Para atender a demanda interna, o governo zerou a tarifa de importação. Isso significa que até o final de 2020, 400 mil toneladas de arroz podem entrar no país sem taxação, para assim equilibrar o mercado e evitar o desabastecimento interno, de acordo com o Ministério da Agricultura.
Fontes:
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,por-que-o-arroz-esta-mais-caro,70003431683
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