Quem acompanha um pouco do universo empresarial ou até mesmo as notícias mais gerais, já deve ter ouvido falar de ESG. A sigla vem do inglês Environmental, Social e Governance (Ambiental, Social e Governança). Quando implementado nas empresas, o ESG tem o objetivo de deixá-las mais sustentáveis e com valores alinhados aos princípios da responsabilidade social. Um estudo feito pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) mostrou que o ESG é prioridade nas agendas corporativas de 95% das empresas, o que justifica a popularidade do assunto nos últimos tempos.
No que diz respeito às pautas ambientais, por exemplo, a estratégia passa pela redução das emissões de gases poluentes, eficiência energética, gestão de resíduos, entre outros aspectos. Já no lado social dessa “sopa de letrinhas”, a ideia é levar em consideração o impacto que as empresas têm na sociedade, entendendo a importância do respeito aos direitos humanos, dos salários justos, da satisfação dos clientes, etc. No entanto, cabe aqui ressaltar que cerca de 65% das empresas brasileiras não contam com um programa de Diversidade e Inclusão estruturado, segundo pesquisa da Consultoria Mais Diversidade e da Revista Você RH. Ao mesmo tempo, o estudo também identificou um ponto positivo: 97% das empresas pretendiam manter ou aumentar seus investimentos na área em 2021.
Por fim, as estratégias de governança completam a proposta ESG, ao orientarem as decisões em prol dos outros dois termos, uma vez que, para colocar em prática a sustentabilidade e a responsabilidade social nas empresas, é preciso pensar na conduta corporativa, na composição dos conselhos administrativos e em outros pontos que passam pela governança, sobretudo a transparência.
Voltando algumas casas, vale dizer de onde surgiu o ESG. O termo foi estabelecido em 2004, em um relatório do Pacto Global, em parceria com o Banco Mundial, chamado “Who Cares Wins” (em tradução livre, “Ganha quem se importa”). Na publicação, há uma provocação para que 50 presidentes de grandes instituições financeiras integrem os pilares ambientais, sociais e de governança no mercado de capitais.
Nesse sentido, segundo o Pacto Global, “o entendimento e a aplicabilidade de critérios ESG pelas empresas brasileiras é, cada vez mais, uma realidade. Atuar de acordo com padrões ESG amplia a competitividade do setor empresarial, seja no mercado interno ou no exterior. No mundo atual, no qual as empresas são acompanhadas de perto pelos seus diversos stakeholders (partes interessadas), ESG é a indicação de solidez, custos mais baixos, melhor reputação e maior resiliência em meio às incertezas e vulnerabilidades”.
Além disso, os critérios ESG estão bem alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), que são 17 metas propostas pela ONU para erradicar a pobreza, proteger o planeta, garantir a equidade de gênero e assegurar que todos tenham uma vida próspera. Esses objetivos devem ser cumpridos até 2030, sendo, um deles, o que prevê o crescimento econômico e o trabalho decente, algo que está totalmente relacionado ao ESG.
Se você leu o texto até aqui, talvez já tenha percebido a importância do ESG mas, para ficar mais claro, a gente tem 5 motivos para que as empresas adotem essa estratégia de uma vez por todas!
1. Responsabilidade social
Em 2020, quase metade da riqueza do Brasil (49,6%) foi toda para as mãos do 1% mais rico da população, segundo relatório do banco Credit Suisse. Esse é um dos motivos para a desigualdade social no país ter crescido tanto nos últimos anos, visto que esse é o pior nível de concentração de renda registrado desde 2000.
Quando olhamos para o corpo de funcionários de uma empresa, geralmente essas desigualdades também se reproduzem ali. Por exemplo, mulheres que ocupam os mesmos cargos e desempenham as mesmas tarefas que colegas homens chegam a ganhar até 34% a menos, segundo estudo da agência de emprego Cathos.
Nesse sentido, ao implementar estratégias ESG, as empresas podem contribuir para a redução das desigualdades entre os seus colaboradores e, com isso, impactar a realidade da sociedade como um todo. Inclusive, um estudo da Accenture em parceria com o Fórum Econômico Mundial aponta que 65% dos entrevistados acreditam que as organizações devem ser responsáveis por deixarem seus funcionários “em melhor situação” por meio do trabalho.
2. Reduzir impactos ambientais
Muito tem se falado sobre o papel do ser humano nas mudanças climáticas e nos impactos ambientais gerados pela população. Somente em 2021, o desmatamento na Amazônia cresceu 29%, o maior registrado nos últimos 10 anos, segundo o Imazon. Um outro levantamento, do think tank, mostra ainda que o Brasil é o quarto país que mais emite gases poluentes, em um ranking mundial que mapeou dados desde 1850.
Em contrapartida a esse cenário preocupante, apenas 17% de todas as empresas listadas na Bolsa de Valores do Brasil têm metas específicas para reduzir seus impactos ambientais, segundo estudo da consultoria Luvi One. É nítido que a reação das empresas não tem sido proporcional ao tamanho do problema e esse é mais um dos motivos para que elas implementem uma estratégia ESG. Se a gente não começar hoje mesmo a reduzir esses impactos, a tendência é que o problema continue crescendo e se torne cada vez mais difícil de controlar. E não é isso que a gente quer, não é mesmo?
3. Atender às novas expectativas dos consumidores
Conforme o tempo passa, o mundo vai se transformando e, consequentemente, os valores, crenças e expectativas da sociedade também mudam. Essas transformações impactam diretamente no consumo, uma vez que as pessoas tendem a consumir coisas com as quais se identifiquem. Inclusive, uma das percepções trazidas pelo estudo da Accenture, já mencionado, é que 74% das pessoas acreditam que as práticas e valores corporativos éticos são uma razão importante para escolher uma marca, seja para trabalhar nela ou para comprar algum produto.
Dessa forma, em um mundo em que as pautas sociais e ambientais têm se tornado cada vez mais relevantes, adotar uma estratégia ESG é também uma forma de atender a essas novas expectativas.
4. Atrair investidores
Um outro fator muito importante nas empresas dos mais variados segmentos é a atração de investidores. Mas você sabia que aquelas que já adotaram o ESG se tornam mais atrativas? Segundo pesquisa da PWC, 79% dos investidores pesquisados consideram o ESG um fator importante na decisão de investimentos, além dos 66% que sentem mais confiança em empresas que seguem essas práticas.
Então, esse é mais um bom motivo para que as empresas comecem a implementar essa estratégia, já que para além da sustentabilidade e da responsabilidade social, o ESG também contribui para o crescimento financeiro das empresas.
5. Uma escolha lucrativa
Assim como atrair investidores é importante para um negócio, obter lucro é um dos pilares fundamentais para sua existência. Então, o quinto motivo para que as empresas adotem o ESG é justamente o fato de que isso vai trazer lucros. O estudo da Accenture mostra que os negócios que investem em ESG têm um lucro 20% maior do que aqueles que não adotam essas medidas. Ou seja, se ainda restava alguma dúvida sobre o quão vantajoso é seguir essa estratégia, a gente espera que esse conteúdo tenha esclarecido!
Mas atenção: o lucro e a atração de investimentos são excelentes vantagens que acompanham as estratégias ESG, contudo, esse não deve ser o único objetivo das empresas que as adotam. Ser sustentável e ter responsabilidade social são um caminho que permite transformar vidas e reduzir os danos que têm sido causados há tanto tempo 一 e esses devem ser os pilares principais de uma estratégia ESG.
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